sábado, 19 de março de 2011

Ninguém Quebra - Cap. 03


Enquanto eu dirigia, permanecia calado segurando a vontade de falar com a Jéssica. Liguei o som, e comecei a cantar “StarStrhuck”.


- Quer parar? – Jéssica olhava pra mim com uma cara de nojo quando falou. Abaixei o som.
- O quê? Achei que você estava começando a gostar um pouquinho que seja da minha música. – Falei com uma expressão interrogativa.
- Deixa eu adivinhar, você achou que eu tava louca para andar de carro com o Christopher Wilde, enquanto ele canta um dos seus sucessos. Um sonho que vira realidade pra uma fã – Desabafou Jéssica, zombando da minha cara, depois de um suspiro, ela ficou séria, e continuou... – Só tem um problema.
- E o que é?
- Não sou sua fã – Jogou Jéssica. Ficamos em silêncio por cinco segundos, escutando a música, até que interrompi.
- Você não gosta mesmo da minha música? – Perguntei olhando atentamente para frente – eu precisava disso, ou iríamos bater. Eu estava queimando por dentro.
- Não. Eu até curto algumas, só que eu não sou maluca por você. Silenciamos por mais três segundos, até eu interromper novamente.
- Mas, você nem me conhece – Eu quis dizer profundamente.
- Exatamente – Confirmou Jéssica.

Eu sabia que Jéssica não queria mais conversa, mas novamente interrompi o silêncio que durou desta vez, aproximadamente quatro segundos.

- Eu acho que se você me conhecesse iria gostar de mim – Tentei.
- Por aqui – Falou Jéssica apontando para o lado.

Quando dobramos, demos em uma rua escura e estreita. Uma daquelas casas seria da Jéssica. Dobrei novamente. Paramos em frente a garagem da casa.

- É aqui que você mora? – Perguntei
- Não, não moro aqui, sou de Hollywood, estou passando as férias com meus pais, minha irmã, a , e o amigo dela.
- Ah sim – Falei puxando a lavanca e desligando o carrro. Tudo ficou mais escuro do que era.
- Valeu pela carona – Disse Jéssica retirando o sinto de segurança que botara antes da saída.
- Ei, olha Jéssica. – Ela já não estava mais de costa. Suspirei – Eu só quero que você saiba que eu sinto muito.
- É eu percebi. Já acabou? – Perguntou Jéssica com umas expressão de raiva.
- Ah, já. – Suspirei – Já, já acabamos. – Falei enquanto ela abria a porta, e se retirava. – Então tchau. Ela não respondeu. Jéssica passava pela frente do meu carro, e abria a porta. Olhei para trás, e avistei uma combe preta atrapalhando a passagem do meu carro. Eram os paparazzi. Olhei novamente para frente, e Jéssica já não estava mais ali.
- Ah, droga! – Falei me abaixando no banco, na tentativa de me esconder das lentes. Dei um jeito de sair do carro sem que os paparazzi me vissem. Eu ia bater na porta da casa onde a Jéssica havia entrado. Eu subia a pequena quantidade de degrau delicadamente, com medo dos paparazzi me verem. Toquei a campainha. Jéssica empurrou o pano que atrapalhava a visão de quem estava de fora para dentro da casa, e empurrou a maçaneta.
- Vá embora!
- Eu te dou cinco mil dólares se você me fizer um favor. – Eu realmente iria dar.
- Se vai me pagar não será um favor – Lembrou-me Jéssica.
- Então isso é um sim?
- Fala logo, o que você quer?
- Olha aquele carro.
- Sim, o que há de mau?
- São os paparazzi. Eles me encontraram.
- E daí?
- Me deixa passar uma noite na garagem com meu carro.
-Tudo bem, só uma noite.
- Me ajuda a empurrar ele pra dentro? Não posso ligar, os paparazzi verão.
- Sete mil dólares.
- Seis mil – Insisti.
- Seis mil e quinhentos – Insistiu Jéssica.
- Fechado – Eu não podia mais perder tempo.

Enquanto eu e a Jéssica empurrava o carro, gemias-mos, de tão pesado que estava o automóvel.

- Você tem que dar uma ajudinha, ? Está colocando todo peso pra cima de mim. – Reclamei.
- Esse carro não estaria nem se movendo se eu não estivesse empurrando.

Entramos na garagem. Jéssica apertava o botão da porta automática, enquanto eu alisava meu carro. Era ridículo, mas não havia nada a fazer.

- Você vai embora antes de amanhecer né? – Falava Jéssica em cima de um banquinho pegando um cobertor para mim. Eu estava logo embaixo.
- Isso, e ninguém vai saber que eu estive aqui – Prometi.
- Eu vou – O edredom caiu sobre minha cabeça.
- Ai.
- Como você é molenga – Zombou Jéssica.
- Valeu, valeu mesmo. – Eu estava falando do cobertor, e não do “elogio” que Jéssica fizera.
- Tá.
- Ei, será que você tem alguma coisa pra eu vestir? Assim quando eu for os paparazzi não vão me reconhecer.
- Pode procurar ali – Falou Jéssica apontando para as caixas encostadas na parede.
- Isso tudo é realmente necessário? – Perguntou-me Jéssica.
- É, parece que você não entende, eles estão em todos os lugares. – Expliquei.
- Paranóico.
- Deixa pra lá – Falei enquanto procurava algo.
- Com todo prazer.
      Achei um boné preto e branco. Coloquei-o na cabeça e pedi a opinião da Jéssica.
- Então... – Falei apontando para o boné - Mais para ele do que pra minha cabeça. Jéssica olhou, e parou por um segundo.
- Era o chapéu do meu avô, ele usava quando ia pescar comigo. – Disse Jéssica com um sorriso estampado no lindo rosto.
- Ah, então não, desculpa – Falei retirando o boné da cabeça. – Olha, foi mau, toma.
- Não, pode ficar. Ele ficou bem em você – Perguntei-me se isso havia sido um elogio.
- Valeu – Falei colocando o boné novamente na cabeça, e pegando o edredom.
- Mais alguma coisa?
- Não, não. Eu to bem agora. – Falei dando duas batidas no cobertor, que com certeza, não iria me fazer passar frio essa noite.
- É, tão bem, que vai dormir no seu carro. – Falou Jéssica apertando o botão para sair da garagem.
- Jéssica – Puxei delicadamente o braço dela. Ficamos em silêncio por um tempo.
- Para de fazer isso. – Pediu-me Jéssica.
- Que foi que eu fiz?
- Ah,você sabe muito bem o que ta fazendo, deve fazer isso o tempo todo. Olha pras meninas assim, e... Elas ficam caidinhas por você. Mas isso não funciona comigo, então pode parar. – Revoltou-se Jéssica, que saiu da garagem. Dei uma fraca risada.

A porta se fechava, e eu entrava no carro. Deitei o banco da frente, e me confortei lá. Passei a noite pensando que eu havia ajudado Jéssica quando a machuquei, e agora, ela está me ajudando, apesar de eu estar pagando pra ela fazer isso. Uma mão lavara a outra? Questionei-me em voz alta. 


Continua...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Me ajude curtindo minha página de humor no Facebook.

Basta clicar, mais nada. Por favor, clica, clica, vai.