segunda-feira, 28 de março de 2011

Destino Cruel - Cap. 09


A noite chegou. Coloquei a roupa que Layane comprara com a ajuda das pessoas que por nossa sorte estava sendo de bom agrado, e fomos dar uma volta. Apesar de já ter vivido cinco anos daquela experiência, eu ainda tinha vergonha de sair na rua todo desleixado, assim como minha namorada.

Andando em direção a não sei onde, me bati com uma moça morena que estava cheia de livros. Linda! Literalmente linda! Parecia que atrás daqueles olhos, cintilava um brilho, um brilho lindo, um brilho maravilhoso. Meu coração começou a bater mais forte, eu não sabia por que, mas o fato de eu ser "mendigo", ou de eu ter uma namorada, ou de eu ter deixado uma família para trás, não importava mais. Era como se eu estivesse em um paraíso, onde nada de ruim acontecia.

- Desculpa! - falou ela.
- Oh, desculpe-me você - Falei, envergonhado.

Quando pegamos os livros e olhamos um para o outro, ficamos paralisados.

- Vamos, amor? - Chamou Layane.
- Ah, ah sim, vamos.

Quando estávamos andando, a mulher gritou:

- Espera!
- O que? - Perguntou Layane impaciente virando-se de frente para a moça.
- N...nada, desculpa.

Então, eu e a Layane fomos de volta para a ponte. Dormimos com jornais como cobertores, e com o nosso velho capote. A minha roupa mais nova, não dava para usar na hora de dormir, não é?

No dia seguinte, de manhã cedo, perguntei a Layane como iríamos tomar café.

- Da mesma forma de sempre! Pedindo esmolas. Eu me arrependo até hoje de ter fugido com você. Amor não está sustentando! Eu era feliz e não sabia.
- Agora não adianta mais discutir.

Passava uma moça. Eu não vi seu rosto, então, estendi a mão, e pedi através desse gesto algum dinheiro! Quando senti uma moeda em minha mão, agradeci levantando a cabeça.

- Você? - Perguntei.

Era a mulher da noite anterior. Novamente, meu coração bateu mais forte, e eu vi em seus olhos o brilho, que diante do sol era mais intenso e bonito.

- Você... É...
- Mendigo - Respondeu Layane - Algum problema? Eu também sou.
- N... não... Vocês querem ir pra minha casa? Parecem ser do bem, eu sinto quando as pessoas são do bem. Eu não teria encostado se vocês fossem ruins. - Perguntou a moça.
- Mas é claro - respondi.
- Que não! - Completou Layane.
- Layane! - Falei cutucando o braço de minha namorada.
- Quem mora lá? - Perguntei.
- Apenas eu.
- Podemos ir mesmo?
- Sim, podem, vamos?
- Layane, eu vou, e você também vai!
- Lucas - Protestou ela.
- Essa é nossa chance de melhorarmos de vida, vamos.
- Só não prometo luxo, tá? - falou a mulher.
- Tá bom, não há problemas.

E então, nos fomos para a casa da moça. Bem simples, mas de bom gosto. De repente me lembrei da vez em que fugi de casa com dez anos, e fui para a casa do Riley.

- É aqui! - falou ela - é aqui onde eu moro.
- Qual o seu nome mesmo? - Perguntou Layane.
- Adriele.

E então, meses e meses foram passando, até que eu comecei a despertar um novo sentimento pela Adriele. Sim, eu estava traindo sentimentalmente a Layane. Outro dia, eu me declarei para ela, e a beijei a força. Foi aí que a Layane chegou das compras, e nos flagrou.

- O que significa isso? - Perguntou ela.
- Layane, não, espere, Layane - falei enquanto ela ia ao quarto provavelmente arrumar as malas, e voltar para São Paulo, e ficar com sua família.
- Layane, por favor, espera. - Falou Adriele - Não é nada do que você está pensando.
- Eu não estou pensando não querida, eu vi - falou Layane.

E então, ela saiu pelas portas.

- Eu escrevo para te dar inveja da minha vida, seu sacana. - gritou ela.
- Layane - gritei.

Depois, ela não estava mais a vista.

- Droga! - Falei, sentando no sofá.
- Não fica assim Lucas! Eu esqueci de te dizer uma coisa.
- O quê?
- Eu também te amo.
- Mas eu tenho quinze para dezesseis anos, e você tem...?
- Vinte e seis.
- Olha só.
- Você já ouviu dizer que o amor não tem fronteiras?
- Mas eu não queria magoar ninguém, nem mesmo a Layane.
- Ela fez suas escolhas precipitadas, e vai arcar com suas consequências por isso, sejam elas boas ou ruins.

E ela me confortou em seu colo, fazendo o famoso "cafuné" da Bahia.

Continua...

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