sexta-feira, 18 de março de 2011

Ninguém Quebra - Cap. 02



Ao chegar ao hospital, pedi ao Hugo, namorado de minha irmã, para cuidar da Jéssica.

- Hugo, você poderia dar uma olhada na Jéssica? Bati sem querer a porta nela, e a testar da Jessica inchou. Ah, e depois, acabou vomitando.
- Tudo bem, venha Jessica. Você sempre se metendo em encrenca hein Christopher? – Não respondi
Hugo fechou a cortina, e eu fiquei esperando bem ao lado daquele pano que cobria os dois. E então, Hugo mandou Jessica seguir a luz da lanterninha que ele botara em frente ao olho dela.
- É... Eu fiz o exame completo, e a tomografia está normal. Esta tudo bem. – Abri a cortina e perguntei:
- Então ela ta bem. – Foi mais uma afirmação do que uma pergunta.
- Sai – Disse Hugo, fazendo com que eu fechasse novamente aquele grande pedaço de pano entre nós.
- Não tem sinal de traumatismo, e com certeza não terá seqüelas.
- E porque eu vomitei?
- Alguma coisa que você comeu, ou então foi por que você conheceu o bobalhão ali – Brincou ele.

Abri a cortina novamente.

- É só uma cortina Hugo, eu to ouvindo tudo.
- Não está não.
- Perai, vocês são parentes? – Perguntou Jessica
- É, quase, ele é marido da minha irmã. – Eu disse
- Então, eu já posso ir? – Jéssica perguntou assustada.
- Sim, mas quero que coloque sempre gelo nesse inchado. Eu volto já.
- Tá bom. – Hugo se retirou da sala, e meu celular tocou. Fiz uma careta pra Jessica.
- Você não vai atender?
- Ah, é, um minutinho só. – Fechei a cortina, conferi quem ligava pra mim. Era a minha mãe.
- Alô, mãe.
- Christopher, cadê você meu filho? O Nolan chegou aqui se queixando de que você não havia comparecido a reunião – Eu devia pensar que isso iria acontecer.
- Quando?
- Agora
- Agora? Ele ainda tá aí?
- É, venha pra cá agora, ele está aqui, e quer uma conversa séria com você. Ele está com duas pessoas.
- Tá bom, distraia eles que eu já estou chegando.

Desliguei, e dei uns passos a frente. Quase que batia-me com o Hugo, que disse:

- Temos um probleminha.
- Por quê?
- A minha sala de espera ta cheia de gente com câmeras.
- Os paparazzi me acharam aqui? – Suspirei – Hugo, ta bom, qual é o seu carro?
- Nenhum que vá te interessar.
- Perfeito, quer trocar? – Tentei.
- Não – Ele negou, então levantei a chave do meu fabuloso carro.
- Isso só acontece uma vez. – Lembrei ao Hugo.
- Eu topo – Tentei, e consegui.
- Arãm.

Trocamos as chaves, e abri a cortina.

- Vamos Jéssica, vou te levar pra casa, falei enquanto Jéssica deixava a bolsa de gelo na mesa, e se levantava.
- Tchau Hugo – Despidiu-se Jéssica.
- Tchau Jessica, mais cuidado hein?
- Tudo bem.

Ao sair do hospital, pegamos a “lata velha” do Hugo, e fomos. O carro soltava pipocos tão altos, que pensei em uma explosão a qualquer momento.

- Tem certeza de que isso é seguro mesmo? – Falava Jéssica quando pipocou.
- Eu tenho certeza. – Eu disse
- Mas eu não estou tão certa assim. – Disse enquanto saia outro pipoco.
- Fica calma, por favor.
- Não quero me acalmar, quero ir pra minha casa, tá legal? - Jéssica suspirou me jogando o porta CDs na cara.- Aí – gemi – Qual é o seu problema hein?
- O meu problema? Nenhum, só vou ficar de castigo até trinta anos, eu deixei a Júlia lá – Disse Jéssica com uma expressão de raiva.
- É por isso que tá tão chata.
- Eu não sou chata.
- Ah, então tá na defensiva.
- Eu não estou na defensiva.
- Viu? Você descorda de tudo que eu falo. – Falei com a voz meio alta.
- Eu não.
- Você sim – Não percebi que já estava gritando. – Suspirei – E a Júlia vai se virar sozinha.
- A propósito, quando você disse “Vou te levar pra casa”, você se referiu a...
- É, isso aí, vou te levar pra minha casa, será uma parada rápida.

Andamos mais um pouco, e chegamos. Coloquei o carro na garagem, e ao entrar em casa, tive a sorte de que meus pais e o Nolan não estavam lá. Subi rapidamente com a Jéssica, que falava:

- Não acredito que você mora aqui.
- Sobe, sobe, sobe – Eu disse, puxando a Jéssica.
- Para de me puxar.
- Eu não sei onde eu... - Paramos
- Não sabe onde me esconder?
- Eu não to te escondendo.
- Eu só... Não quero que o diretor do meu filme, seus acompanhantes e meus pais, vejam você agora.
- Por quê? Porque eu não sou uma celebridade? – Perguntou-me Jéssica enrugando a testa.
- Por que não quero que elas façam pergunta pra mim, e nem pra você. – Mudei a voz pra imitar – Ho, que, estão namorando?
- Namorando?
- É... Eles inventam esse tipo de coisa. – Ouvi passos – Eles estão vindo, vamos.

Levei a Jéssica até o quarto de hóspedes, e fechei a porta. Meus pais ainda não sabiam que eu havia chegado. Jéssica olhava na janela. Ficamos em silêncio por um breve momento. Aproveitei para me desculpar pelo machucado que deixou a testa da Jéssica inchada até agora.

- Olha Jéssica, desculpa novamente – Jéssica virou-se pra mim. – Eu não queria te machucar. Desculpa mesmo.
- Fique tranqüilo, não foi nada.
- Tem certeza?
- Tenho não se preocupe.

Começamos a nos aproximar. Bastaram dois passos meus, e um da Jéssica, para nossos lábios se tocaram. Os passos que eu ouvira pouco tempo antes, se aproximavam, então, nada mais aconteceu a não ser um simples toque labial.

- Desculpa – Pediu Jéssica.
- Os convidados e meus pais se aproximam, vamos nos esconder. Eles não sabem que estamos aqui ainda.
- Tudo bem, no guarda-roupa. – Nos escondemos, e logo após, os passos que se aproximavam, pararam, e ouvimos a porta abrir. Eu suspirava alto, adrenalina era o nome do que eu estava sentindo. Não me perdoaria se meus pais vissem aquela cena se abrissem o guarda-roupa. Nossos lábios se tocavam de novo, até que a perna da Jéssica deu uma forte batida na porta.
- Shhh! – Reclamei.
- Desculpa – Disse ela sussurrando. Pareceu que meus pais, o diretor e seus convidados não ouviram o barulho, eles falavam muito alto. Meu pai dizia que aquele era o quarto de hóspedes. Parei de repente ao ouvir isso. Será que eles se acomodariam ali? Não podia ser, e não era mesmo. Logo depois, saíram do quarto. Percebi que meus pais apenas mostrava a casa.
- Acho que já foram – Disse Jéssica ainda sussurrando. Abri a porta delicadamente, com cuidado, para me certificar de que não havia mais ninguém no quarto. Saimos do guarda-roupa, ficando um em frente do outro.
- Eu irei descer você fica aqui, ta legal?
- Tá, mas como você vai aparecer assim... Do nada?
- Eu me viro. – Falava enquanto abria a porta. Desci a escada correndo, e fui pra cozinha. Depois, fui diretamente pra sala. – Oi gente.
- Filho, você já estava aí? – Perguntou minha mãe num tom carinhoso, mas eu sabia que atrás daqueles lindos olhos azuis, havia raiva.
- Sim, entrei pelas portas do fundo.
- Christopher – Era uma voz grossa, e o tom era raivoso. Era meu pai – Por que não compareceu à reunião que o Nalon marcou? – Fiquei vermelho.
- Ah pai, eu...
- Não precisa se explicar Christopher, você está fora do filme. O pessoal da produção confirmou que você não passa de um irresponsável. Eu apostava em você, mas não sei se faço mais isso. – Não sabia o que falar, o que fazer, pra o meu alívio, e desespero, o Nalon continuou – Estou decepcionado com você – Falou Nolan, enquanto seus convidados, que também eram da equipe do filme, olhavam pra mim cabisbaixos. O tom do Nolan, era arrogante.
- Nolan, dê uma chance pro Christopher, ele não fez por mal. – Tentou minha mãe.
- Não há muito a fazer por ele, mas irei entrar em contato. Cada reunião é essencial para o andamento do filme.
- Então, qual será o nome do filme? – Perguntei pra não ficar calado, mas não sei se foi uma boa idéia.
- Já que não sabemos se você está na equipe, não poderá saber ainda. As gravações ainda não começaram, apenas roteiro de falas de personagens estão prontos. A história dar lugar a vários títulos, mas o que mais se encaixou já foi escolhido. – Disse Nonan levantando-se. – Vou indo. – Estranhei o fato dos dois convidados de Nolan ficarem calados, mas como estavam, ficaram.
- Tudo bem – Eu disse, acenando enquanto meus pais abriam a porta para o Nolan e seus convidados.
- Até mais Nolan – Despediu-se minha mãe.
- Tchau, entre em contato. – Pediu meu pai.
- Olha, pai, mãe, desculpem.
- Não, você não tem que se desculpar de nada, só tem que nos explicar o porquê faltou a essa reunião.
- Olha, eu não vou mentir. Eu estava me apresentado no aniversário da Alexis, eu havia prometido a ela antes mesmo do Nolan marcar essa reunião.
- Mas Nolan, você não pod...
- Mas não, eu cansei disso. Vocês só pensam em dinheiro, só pensam em meu trabalho, eu estou cansado disso – Desabafei. Essa sena toda foi mais pra me safar de duas horas seguidas de pai e mãe enchendo o saco. – Eu vou subir, e vou sair logo depois. Não me perguntem pra onde, nem com quem. – Gritei. Nunca havia falado assim antes com meus pais, mas paciência tem limites, e a minha havia se esgotado. Subi a escada correndo, e abri a porta do quarto. Ela não estava lá. Desci correndo pra garagem, e lá estava ela.
- Como chegou aqui?
- Eu saí escondida. Vi, e ouvi a discussão de vocês, costuma ser assim?
- Às vezes.
- Vamos?
- Vamos. – Tirei um de meus carros da garagem e saímos da minha casa.

Continua...

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