domingo, 20 de março de 2011

Ninguém Quebra - Cap. 04

Apesar da demora de perder a consciência, tive uma tranqüila noite de sono. Acordei mais cedo do que de costume. Liguei o carro, e apertei o botão do controle que Jéssica deixara em cima de uma das caixas essa noite. O portão se abria, e eu me perguntava se os paparazzi ainda estariam ali. Certifiquei-me de que não havia mais nenhum patético querendo uma foto minha, e saí. Enquanto dirigia, pensava  em Jéssica, pensar nela, não era ruim.      Chegando em casa, subi direto para meu quarto. Apesar do longo caminho pra casa que percorri, ainda era cedo, meus pai ainda dormiam, e não sabiam que eu teria passado a noite fora, a não ser que tenham ficado acordados até tarde, a minha espera. Fiquei alegre com isso, afinal, não iria precisar dar satisfações.

Apesar de cansado, eu não queria mais dormir, mas acabei novamente jogado na inconsciência. Passaram-se cerca de duas horas, e novamente despertei. Eram 08h30, e eu não estava a fim de levantar na macia cama que me confortava, então, sem nada pra fazer, liguei a televisão. Ainda com a tela escura, comecei a ouvir a repórter morena que me entrevistara no show que aconteceu no Stapfes Cente.

"Alexis Bander chegou à sua festa de aniversário ontem à noite, mas sem o seu namorado. Ninguém viu Christopherh chegar à fabulosa festa. Testemunhas confirmam que ele sim, uma aparição secreta para cantar para a festa lotada de fãs. Os convidados dizem que o Pop Star saiu da festa logo depois da apresentação. Alguns dizem que Christopher, estava com uma garota diferente. Minhas fontes dizem que essa garota misteriosa deve estar roubando o coração do nosso Pop Star bonito."


Eu não podia mais ouvir nada, ou iria derrubar a TV no chão, e jogá-la contra parede até eu ter certeza de que não havia mais jeito para que ela funcionasse. Minha irritação não me permitia continuar deitado. Eu tinha de sair daquele quarto. Eu me sentia preso, entre quatro paredes, desci. Meus pais já estavam acordados.

- Oi Christopher, bom dia filho, não quer comer nada – Perguntava meu pai, enquanto eu andava em direção à porta. Pelo tom dele, parecia pensar que eu havia passado a noite em casa.
- Não, eu vou até a praia, lá eu como algo – Menti sobre comer. Eu estava com tanta raiva, que a fome que começava a aparecer enquanto eu assistia, sumiu literalmente.

Abri a porta, e me retirei. Fui até a garagem, entrei no carro, e pensei por um instante como eu havia sido burro. Não deveria ter deixado acabar daquela forma. Eu estava arrependido. Liguei o carro, desci o freio de mão, passei à marcha, e acelerei.

Eu já estava na estrada para a praia. Foi quando comecei a me perguntar uma porção de coisas. Enquanto dirigia. Será que Jéssica havia assistido? Como ela deve ter ficado ao ouvir “Roubado o coração do nosso Pop Star bonito”? Mas ela realmente saberia que a repórter falava dela? E se ela pensasse que imprensa falava de outra garota, e que eu era um mulherengo traidor? Eu tinha de parar com isso. Eu não estava namorando a Jéssica, portanto, não havia motivos para me perguntar sobre isso. 

Foi quando percebi que já estava na praia. Eu ainda estava com o boné que Jéssica me dera no dia anterior. Peguei o óculos que estava em cima do banco de passageiros, tranquei o carro, e sai, com um pouco de pressa, para me sentar logo em alguma cadeira, e refletir sobre tudo que havia acontecido nos últimos dias comigo. Sentei-me, e percebi que não havia mais nada para pensar, pois já havia pensado tudo na vida a praia, então, resolvi ficar para relaxar um pouco. Foi quando ouvi uma voz.

- Dá licença, tem alguém aqui nessa cadeira? – Perguntou ela. Sim, era a Jéssica, eu fiquei feliz com aquilo. – Não? – Falou, eu sentia que ela estava se sentando ao meu lado, mas não olhei. Ela suspirou, e continuou – Mas que dia lindo... O dia ta lindo ? – Perguntava ela, enquanto eu cruzava os braços, ainda sem olhar. – Me desculpe você tava dormindo – Brincou ela. – Eu te acordei? – Passouse alguns segundos – Não? – Ah, já tava acordado, que bom. – Passa protetor nas minhas costas? – Eu virei à cara, e tirei os óculos. Soltei um riso, e respondi.
- Como você soube que era eu? – Foi mais uma pergunta.
- O chapéu.
- Tem cheiro de peixe, ?
- Não. O cheiro é seu mesmo. – Passou-se algum tempo em silêncio, e eu interrompi.
- O que você ta fazendo aqui?
- Eu é que pergunto, por que não vai pra casa?
- Eu fui, mas não vou ficar o meu dia trancado entre quatro paredes, vou?
- E... – Outro silêncio tomou conta, e novamente interrompi.
- Você não entenderia.
- Ah... – Ela suspirou e continuou – Você se acha tão especial que uma ninguém como eu não poderia saber como é difícil ser você.
- Tá legal – Suspirei – Você não entende o que é ter mais de dez paparazzi atrás de você o tempo todo?
- Ah – Ela ficou séria – Isso é muito... Muito difícil. – Falou Jéssica quase se levantando, mas era só pra se confortar na cadeira.  – Drama – Falou ela, rindo.
- Viu? Você não entende. – Minha expressão era triste. – Olha, eu estava enganado quando resolvi sair de casa. Quero voltar, mas agora, não tem como, eles irão me encontrar aqui. Tem de ser com algum carro que eles não me reconheçam. – Suspirei – Você ta dirigindo o que?
- Ah, você vai adorar, é uma Relikia.
- Perfeito. Eu posso te pagar, a gente...
- Para com isso – Ela interrompeu-me.
- Parar... Parar o que?
- De jogar o seu dinheiro fora. Você já me deve cinco mil por ter dormido na garagem da vovó, e dois mil por eu ter te ajudado com o seu carro. São sete mil. – Ficamos em silêncio por alguns segundos, enquanto os passarinhos piavam, e as ondas se jogavam brutamente na areia da praia. Ela riu – Me dá sua chave. – Falou ela abrindo à mão a espera da chave. ´
- Por quê?
- Bom, se você vai levar o nosso carro, não pode nos deixar aqui sem um. Passa – Disse ela fechando e abrindo a mão –  Anda.

Peguei a chave de meu carro no bolso, com medo do que poderia acontecer.

- Olha – Inclinei-me amostrando a chave para Jéssica – Ela tem... Ela trem trezentos... E trinta e cinco cavalos, primeira geração, 1969, com pintura original. – Ela tentou puxar a chave, mas eu fui rápido, e tirei a mão do lugar. – Eu adoro a Sheron, tá legal?
- Sheron? – Um silêncio de alguns segundos predominou – Dá nome aos carros? – Jéssica parecia está tirando sarros de mim. Enfim, ela puxou a chave, e ela já não estava mais em minha mão.
- Vou colocar sua chave na bolsa da minha irmã, e pegar a nossa.
- Tá, mas ela não vai suspeitar?
- Não, olha ela bem ali – Apontou-me Jéssica – Ela está ouvindo distraidamente suas músicas – Falou Jéssica com cara de nojo. – Ela não vai sequer me ver.
- Não demore. – Falei enquanto Jéssica se retirava, mas ela ignorou.

No tempo em que fiquei só, pensei como as coisas mudam. Há apenas alguns dias eu não a conhecia, e agora, estou trocando de carro com ela. Era incrível.

- Christopher, conheça Bile. – Apontou ela para o carro rosa. Foi quando percebi: já estáva-mos no estacionamento.
- É brincadeira, não é? – Falei tirando os grandes óculos e os colocando novamente.
- As portas são coloridas – zombou ela. – A quero de volta em uma hora – Falou Jéssica enquanto puxava meu braço e colocava a chave em minha mão. 

Continua...

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