segunda-feira, 21 de março de 2011

Ninguém Quebra - Cap. 05

Foi quando percebi que os famosos carros dos Paparazzi se aproximavam. De repente, saíram mais de dez fotógrafos de dentro deles. Puxei Jéssica para nos esconder a frente do carro rosa.


- Não acredito como eles me acharam? – Perguntei confuso enquanto puxava Jéssica.
- A minha irmã sabe onde achar você, e ela nem é uma Paparazzi. – Lembrou-me ela.
- Toma, coloca isso. – Tirei meus óculos e dei pra Jéssica colocá-los. – Coloca logo – Falei, e Jéssica colocou rapidamente os óculos.
- Eles estão por toda parte, vão nos ver. – Disse ela.
- Olha, entra no carro – Disse, empurrando delicadamente Jéssica para não machucá-la novamente. Fiz a mesma coisa. Entrei no carro, e percebi que Jéssica ainda não estava ali. Puxei a maçaneta da porta do passageiro, e empurrei a porta.
- Ai – Gemeu Jéssica, quando percebi que eu havia machucado ela – Já chega, dá pra parar de me machucar? – Reclamou ela, ajeitando os óculos do rosto, e levantando-se.
- Desculpa, desculpa, vai, entra, entra – Ordenei, quando me deparei com um fotógrafo de longe apontando a câmera para o carro onde estáva-mos, perguntei-me se ele havia nos visto. Jéssica entrou no carro.
- Coloca o sinto, abaixa a cabeça – Falei quanto pressionava a cabeça de Jéssica para esconder-se no banco. – Abaixa a cabeça.
Puxei a gaveta ao lado do painel, a procura de algo para despistar os Paparazzi.

- O que você está fazendo? – Perguntou Jéssica.
- Procurando alguma coisa para não verem a gente. Bota isso. – Ordenei jogando um lencinho para Jéssica.
- Pra que isso?
- Bota logo – Falei gritando.
- Ai, ta bom. – Falou Jéssica ajeitando o pedaço de pano na cabeça, enquanto suspendia a gola da camisa o mais alto possível para esconder o rosto e ligava o carro, e dava a ré.
Passamos tensamente pelos Paparazzi. Eles circulavam pelo carro como se soubessem quem estava dirigindo. Coloquei o carro mais um pouco pra trás, e acelerei. Enquanto dirigia pela estrada, percebi que Jéssica me fitava.

- Você parece meu avô dirigindo. – Falou Jéssica.
- E você tá parecendo minha .  – falei depois de algum tempo, enquanto Jéssica tirava o lenço que ainda cobria sua cabeça e uma parte do queixo.
- Tá bom – Falou Jéssica rindo.
- Ah, eu vou querer os óculos de volta – Falei.
- Ah, eu não sei não, eu fiquei bem com eles.
- Tá, eu te dou eles, depois.
- Hã, é sério? – Falou Jéssica retirando os óculos – Por que minhas amigas não iriam acreditar que eu Jéssica, tenho um par de óculos escuros usado pelo próprio Christopher Wilde, já pensou? Oh, você poderia autografar pra mim? – Foi quando percebi: Jéssica estava zombando.
- Arrã, muito engraçado.
- O que foi? – Perguntou Jéssica com uma suave voz. – É sério, eu quero mesmo esses óculos.
- Arrã, pode me dar, vai, daí. – Ordenei inclinando o braço e abrindo e fechando frequentemente a mão, enquanto ela me passava o par de óculos.
- E aí... Quanto tempo eu vou ter que andar de carro com você? – Perguntou Jéssica. Depois dessa, perguntei-me se Jéssica estava enjoando da minha cara.
- Só até os paparazzi saírem da praia – Menti. Eles desistem rápido, não ficariam por muito tempo lá, então, não precisava ir tão longe, e a gente já estava bem longe da praia. – Vamos fazer alguma coisa – Propus.
- Tipo o que?
- Qualquer coisa! O que você já viu desde que chegou de sua cidade?
- Nada! Tudo que fiz foi seguir você por aí.
- É mesmo?
- Com a minha irmã. Ela é louca por você. Quanto a mim, não tenho o menor interesse, nem em você, e nem na sua cidade. – Considerei isso como um não ao meu convite.
- Tudo bem se você não gosta de mim, mas não desconte em Los Angeles. É uma das melhores cidades do mundo.
- É verdade – concordou Jéssica.
- Na verdade, vou ser seu guia turístico.
- Achei que queria ir pra casa.
- Até a gente entrar nessa.

Pegamos muita estrada, mas não saímos de Los Angeles. Um tempo depois, parei o carro rosa em frente ao mercadão popular da cidade. Paramos em barracas, compramos uma máquina fotográfica e um par óculos estranhos. Tiramos tantas fotos que perdi a conta. Jéssica comprou um mapa da região para que a gente voltasse sem risco de nos perder – eu não tinha costume de ir tão longe, e quando ia, era o Stubby que me levava. Voltamos ao carro, e seguimos o mesmo caminho, até onde eu sabia.

- Verifique o mapa. – Pedi a Jéssica.
Olhei o espelho e vi que atrás havia duas combes. Os paparazzi me encontraram, e estavam me seguindo. Jéssica olhou pra trás.

- Droga – Grunhi. – Tenho que despistar esses caras.
- Vire na próxima, à direita, iremos sair na praia, de onde a gente não deveria sair. – Falou Jéssica fitando o mapa.
- Tem certeza? – Perguntei.
- Vira! – Ordenou Jéssica, e eu virei o volante para o lado direito. Saímos numa estreita estrada de terra. Eu segui em frente. 

Paramos bem longe da estrada asfaltada.

- Isso! Agora se virar na próxima esquerda, o atalho nos levará de volta a estrada, perto da praia. – Passaram-se alguns segundos, e percebi que Jéssica analisava com mais cuidado o mapa – Hã, acho que não.

- Como acho que não? A gente está no caminho certo ou não?
- Não! – Falou Jéssica com a voz franzida.
- Me deixa ver essa coisa – Percebi que estava gritando.
- Não! Presta atenção na estrada, eu sou a navegadora – Protestou Jéssica.
- É assim que você chama isso? – Perguntei, com a voz mais baixa.
- O que você tá querendo dizer?
- Que você é a sabe tudo! – Eu estava gritando novamente. – É, a sabe tudo. Você é a rainha dos julgamentos errados. – Comecei a imitar Jéssica com uma voz fina – Ah, é aqui, essa é a estrada, eu tenho certeza.
- Ué, eu tinha certeza – Falou Jéssica ajeitando o cabelo.
- Ah, tem certeza, você tem muita certa das coisas que nem conhece!
- Ah, cala a boca – Agora era Jéssica quem gritava.
- E ainda é mau-criada. – Quando percebi que eu não estava mais dirigindo, e quando acelerei o carro não se movia.
- Droga! – Falei enquanto olhava pela janela. O carro atolou na areia movediça, e logo iria sumir. De repente, despencamos de vez, e o carro estava afundando mais rápido.
- Ah, chega! – Reclamou Jéssica.
- A gente vai ter que sair pra empurrar. – Falei saindo pela janela, e subindo no teto do carro!
- Ótimo! – Falou Jéssica fazendo o mesmo que eu.
- Perai, peria, eu te ajudo.
- Não toca em mim.
- Por que você tá com tanta raiva?
- Ah, você não sabe? Diz aí. Você está me culpando?
- É, você é uma péssima navegadora.
- E você é um péssimo motorista.
- Eu dirijo muito bem.
- Tá bom! E por que nos meteu nessa?
- A gente vai ter que pular – Falei ignorando a pergunta de Jéssica.
- Eu não vou pular!
- Você tem uma idéia melhor? – Protestei.
- Use esse tronco como ponte – Disse Jéssica apontando para um grosso pedaço de tronco.
- Mas... Não parece muito segundo.
- Ai, anda logo! O carro está afundando.
- Ah, tá bom – falei enquanto trocava de lado com Jéssica para sair de cima daquele carro através do tronco. Enquanto me segurava, colocava o pé na ponta do tronco, que realmente não parecia seguro. Poderia despencar a qualquer momento, e eu, morreria afogado em areia.
- O carro está afundando, vamos logo! – Gritou Jéssica.
- Tá, tá bom, eu já estou indo.
- Ai – gemeu Jéssica – esse é o carro da minha avó!
- Eu já sei disso – Falei tentando me equilibrar no tronco enquanto pegava a mão de Jéssica, até que... Jéssica escorregou, e a gente corria um perigo mortal, exagero meu. O tronco ainda estava ali – Tá legal, segura no tronco – ordenei enquanto eu mesmo me obedecia. Saímos da areia movediça, e ficamos de pé, assistindo o carro rosa sumir.
- Foi mal – me desculpei.
- Você matou a petúnia.

Tentei argumentar, mas a única que coisa que consegui falar foi:

- É.

Jessica despertou para algo.

- A minha mochila. – falou ela deitando-se na beira da piscina de areia. – Vai ficar parado aí? Vem me ajudar. – Falou Jéssica enquanto eu a segurava no braço para Jéssica não deslizar. O telefone começou a tocar, mas não atendi.

- Atende esse telefone – Falou Jéssica gritando enquanto eu a soltava delicadamente. Certifiquei-me de quem me ligava. Meus pais.
- Alô – falei
- A... Fil... Sinal r... On... es...a vo...e – Foi só o que consegui ouvir.
- Pai, mãe, desculpem, não consigo ouvir vocês direito, vou desligar. – Falei enquanto desligava o celular.
- ENCONTREI! –Gritou Jéssica – ENCONTREI MINHA MOCHILA!
- Calma, é só uma mochila!
- Uma mochila que não presta mais por sua causa.
- Epa... –Tentei, mas estava lutando contra as palavras, assenti, e assumi – O.K eu fui culpado, desculpe.
- Você vai me pagar outra.
- Se quiser, faço isso agora.

Não obtive resposta. Jéssica simplesmente estava andando, andando e dando, cada vez mais distanciando-se de mim.

- Jéssica?
- O que é?
- Pra onde você está indo?
- Pra praia, minha irmã deve estar a essa hora dando um ataque. – Protestou Jéssica.
- Hã... Jéssica
- O que? – Falou Jéssica virando-se irritada.
- A praia é pra lá – apontei para o lado oposto ao dela.  

Andamos, andamos e andamos.

Continua...

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