quarta-feira, 2 de março de 2011

Paixão Precoce - Cap. 08

Cinco dias se passaram desde o dia em que voltei para casa. Eram seis e meia, e era também dia de ir para a escola. Fiquei triste quando lembrei que não veria o Marcos, e que as pessoas iriam me ver como um novato. Droga! Levantei-me, tomei um banho, desci, tomei um café mais leve que o de sempre, e fui para a escola, ainda de ônibus. Lá, nada havia mudado. Literalmente nada.


As pessoas me olhavam de forma estranha. Poucos me reconheciam, e muitos pareciam nunca terem me visto antes. Foram passadas três horas, até que chegou a aula de ciências. A professora explicou sobre sexo, preservativos e blá, blá, blá.

- Na idade de vocês meninos, já devem está aparecendo pêlos em partes íntimas, e os espermatozóides começam a se manifestar, isso significa que, se algum de vocês transarem com alguma garota, o que não vai acontecer, por que são novos demais, vocês correm o risco de deixar alguma menina grávida. No caso das meninas, elas começam a menstruar... - E foi assim por toda aula. Algunas perguntas aqui, outras alí, até que o sinto bateu.

O que mais me surpreendeu em meu primeiro dia de aula depois de uma contra-verso em minha vida, foi que eu estava mais atento. Eu não sei se era medo de repetir novamente o ano, ou medo de novamente ficar sem poder ver a Joana. Pouco antes de sair da escola, eu esbarrei em um garoto.

- Desculpa, foi mal!
- Foi mal mesmo, mané.
- Ei, eu não te chamei de mané.
- Quer tirar onda? - E ele estralou os dedos. Mais três garotos apareceram atrás dele. - Tem certeza que quer tirar onda?
- Olha, eu não quero brigar.
- Mas eu também não. - Falou quando viu que um dos diretores se aproximavam. Eu estava me sentindo o Chris da série em sua escola, em frente ao Caruso.
- Eu vou indo então - Falei.
- Vai lá, mané - Falou o garoto de trás, com o tom mais baixo. Talvez com medo do diretor, eu não sabia, mas enfim, era hora de ir para casa.

Chegando lá, pouco antes de abrir a porta, ouvi gritos.

- Para Roberto, para! - Era minha mãe.

Impulsivamente, abri a porta rapidamente, e vi uma das piores cenas da minha vida. Minha mãe, apanhando de meu pai.

- Posso saber o que significa isso? - Gritei olhando furiosamente para o meu pai.
- Jhonas! - Falou ele assustado.
- Mãe, você está bem? - Perguntei, indo em direção a ela abraçá-la.
- Estou sim filho. Precisamos conversar, eu e você.
- Sai daqui, pai, sai daqui. - Falei, olhando com uma raiva tão grande que deu vontade de enfiar uma faca no traseiro de meu pai. Ele não quis discutir, e saiu.

Eu e minha mãe sentamos, e ela começou.
- Mãe, o que está acontecendo exatamente, me conta. Eu não sou mais nenhum bebê!
- Jhonas, o seu pai, ele pensa que traio ele com o próprio colega de trabalho, mas eu não faço isso.
- Mãe, denuncie, ele te feriu! Olha, seu braço está inchado.
- Não Jhonas! Nunca, eu amo o seu pai.
- Olha, está bom, mas eu também tenho meus problemas. Quero tirar satisfações. A senhora mentiu quando disse pra mim que a Joana não ia me ver no hospital, não foi?
- Filho, não quero falar disso...
- Você não quer, mas eu quero. Isso é um assunto que diz respeito a mim, e você tem que parar de se intrometer em minha vida. Tudo bem, eu sou menor, sou praticamente uma criança ainda, mas sou maduro o suficiente para fazer escolhas em minha vida, e a senhora não tem nada haver com isso.
- Jhonas, para com isso. Você não vê? Está tudo errado. Você é um garoto de doze anos...
- Que perdeu um ano de sua vida em coma por ter salvo a garota que ama. Você acha o que? Que salvei a Joana e pronto? Amigos? Faça-me o favor. Não, eu a amo.
- Não, isso não é um amor filho, não passa de uma paixão platônica, algo que você verá mais tarde que não passa de um grande carinho.
- Não mãe, isso não é paixão platônica, é paixão precosse. Você não sabe do que está falando. Não sabe há quanto tempo gosto da Joana, e nem sabe como me sinto perto dela, então, não fale mais nada. - Eu me levantei, e fui direto para a cozinha, tomar um copo de água.
- Jhonas - Insistiu minha mãe, seguindo-me. - Só mais uma coisa.
- O que é?
- Não fala pro seu irmão o que você presenciou hoje.
- Não, não falarei, mas eu juro, que se presenciar mais uma vez, tomarei atitudes mais sérias. Meu pai não pode simplesmente desconfiar assim de você.
- Obrigado filho.

Depois de um breve almoço, subi para o meu quarto. O Lucas, já chegou enquanto eu comia. Deitado em minha cama, comecei a me questionar sobre a cena que vi hoje. E se meu pai estivesse certo? Sim, por que onde há fumaça há fogo. Essa história de traição não pode ter surgido através dos pensamentos de meu pai. Havia algo a mais naquela história, mas eu estava cansado o suficiente para deitar, e dormir profundamente.

"Jhonas, me salve, gritava Joana"
"Jhonas, por favor, não faça isso, pedia minha mãe"
Eu corria para salvá-la diante daquele fogo ardente. 
"Venha Joana"
"Socorro, gritava Joana"

Eram tantas portas. Eu não sabia em qual delas Jeovana batia. O fogo aumentava, as coisas caiam sobre mim, aumentando o barulho, e minha consufusão
"Em qual porta você está..."


- Joana! - Gritei. Eram cinco da tarde. Comecei a chorar com o pesadelo que tive. 


Continua

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