quinta-feira, 3 de março de 2011

Paixão Precoce - Cap. 09


- Jhonas, eu vou fazer algumas compras no shopping. - Falou minha mãe.
- Ué, você nunca faz compras. - Perguntei desconfiado
- Deu vontade... De repente. - Eu vi que aquele olhar era de se duvidar.
- Tá bom então.

Quando minha mãe saiu, saí atrás dela. Ela ia abrindo o portão para sair da garagem, quando entrei no carro, e me escondi no banco de trás, sentadinho bem ao lado da porta. Eu não sabia se era o certo a fazer, mas era o que meu coração estava mandando. O caminho que ela ia, nem eu dava para ver. Eu não podia mover um fio de cabelo, que ela perceberia. De repente, o sol fraquinho de fim de tarde sumiu. Estávamos em um estacionamento. Será que minha mãe realmente estava indo ao shopping? Quando ela saiu do carro, destravei a porta, e fui para a parte de fora do estacionamento. Eu não estava em shopping nenhum. Olhei para cima. Eu estava em um motel.

Minha mãe ainda estava em vista. Eu a segui escondido atrás das paredes, tomando o maior cuidado para que nenhuma recepcionista me visse. Ela pegou um elevador. Eu tive de esperar até ele descer novamente, e então entrei. Eu não fazia idéia para qual andar ela havia ido, mas eu procuraria um por um. Cada andar, ao que parecia, era um quarto. Era um tipo de motel pequeno, então seria fácil. Depois de algumas tentativas, quando cheguei no sexto andar, me deparei com minha mãe em frente a porta do quarto daquele andar. Um homem atendeu, ela entrou, e eu, não sabia o que fazer. Saí do elevador, e fui ver se conseguia abrir a porta. Passava na hora a faxineira. Escondi-me em atrás de uma planta. Quando ela passou com seu carrinho, avistei um chaveiro com VÁRIAS chaves. "Alguma dessas deve abrir aquela porta". O puxei rapidamente, e deixei a faxineira sair. Comecei a tentar abrir a porta, e por sorte, na sétima tentativa, consegui. Entrei, e não acreditei no que vi: Minha mãe na cama com outro homem.

- Mãe? - Perguntei. Eu não tinha motivo para gritar. Eu estava decepcionado, e quando estamos decepcionados, choramos, mas eu prendi.
- Jhonas! - Falou ela colocando a coberta para cobrir o seu corpo.
- Jaque amor, ele é seu filho? E aí amigão. - Falou aquele idiota para perturbar ainda mais meu juízo.
- Jhonas, não é o que você está pensando! - Tentou enganar-me ela.
- Não estou pensando, eu estou vendo, e ouvindo, mãe, nunca imaginei isso de você, estou decepcionado, o pai tinha razão. Quem é você para falar de amor? E você merece mesmo apanhar.

Eu saí correndo, e sem ligar para que me vissem ou não, fui para a parte de fora do Motel. Já era de noite. Parecia ser umas seis e meia. Sem saber o caminho de casa, chamei um táxi, falei o meu bairro e minha rua, e fui.

- Espera só um minuto moço? Vou pegar o dinheiro em minha casa.
- Ok garoto, te espero aqui.

Quando abri a porta, vi que o Lucas já havia voltado do chamado "Baba", e que meu pai também ainda não estava em casa. Fui ao meu quarto, peguei a nota, e voltei lá fora.

- Pode ficar com o troco. - Falei
- Obrigado - e ele se foi.

Quando voltei para casa, o Lucas perguntou:

- O que foi? Idiota?
- Lucas, não enche.

E ele começou a rir de mim.

- Nossa, como está triste, o sentimentalista está triste, olha só...

A porta se abriu, era meu pai.

- Pai - levantei-me impulsivamente.
- Oi Jhonas.
- Pai, preciso conversar com você... - E depois de alguns segundos - Em particular.

O Lucas saiu da sala, e comecei.

- Pai, de onde você tirou a história de que minha mãe te traia?
- Jhonas, desde o ano passado, pouco antes de você sofrer o acidente, um amigo meu disse que a tinha visto entrando em um Motel. Ele até brincou comigo, dizendo que eu e a sua mãe estávamos tentando fugir um pouco da rotina, mas eu não fui no motel com ela.
- Pai, eu a segui hoje.
- Jhonas, por que fez isso?
- Ela te trai!
- O que?
- É isso mesmo pai, ela te trai. Eu a peguei com um cara estranho na cama lá no motel.
- Jhonas, você tem certeza do que está falando?
- Absoluta.

E de repente, a porta se abriu novamente. Era minha mãe. Meu pai, sem palavras, foi para seu quarto.

- Jhonas, o que você fez?
- Contei para ele.
- O que você contou para o Roberto?
- O que vi.

Sem respostas também, subi para o meu quarto, mas na escada, deparei-me com meu pai descendo com sua mala.

- Pai, para onde você vai?
- Para qualquer lugar, longe dessa vadia!
- Pai, me espera, eu vou com você.
- Não Jhonas, olha, eu te pegarei na escola amanhã, e conversamos.
- Pai...

E ele saiu.

- Tá vendo o que você fez?
- Se você não tivesse contado, nada disso teria acontecido.
- Se você não tivesse o traído, eu não teria o que contar.

Eu não podia mais ficar discutindo com minha mãe, paciência esgotou, então eu subi para meu quarto para pensar o que iria fazer da vida daquele momento para frente.

Continua

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