sexta-feira, 4 de março de 2011

Paixão Precoce - Cap. 10



No outro dia de manhã, acordei cinco e meia. Aproveitei a oportunidade de despertar cedo para não ver a cara de minha mãe. Tomei um banho, um café, e fui para o ponto de ônibus. Do meu bairro, apenas eu pegava o buzú. Quando ele chegou, entrei, e procurei uma poltrona. Estavam todas ocupadas. Mas uma, estava livre, então eu sentei. Quando olhei para o lado, adivinha com quem me deparo? Adivinha? Com aquele pirralho da escola. Parecia ter mais ou menos um metro e sessenta, tinha o cabelo picotado, era mais gordo que um botijão. Mas, pra minha sorte ele não estava com aqueles amigos idiota. Levantei-me, preferindo ficar em pé.

- Senta aqui, mané - Ele falou com um tom de ordem.
- Não quero.
- Você não tem querer, senta.
- Não, eu já disse, não quero.

Foi aí que ele me puxou. Quando percebi, ele já ia me dar um murro, e eu desviei a cara. Não sei como deu tempo, mas desviei.

- Para, me deixa em paz.

E todos começaram a ri de mim, quando o ônibus parou. Havíamos chegado. Desci, e fui direto para a sala. O professor de matemática em seus dois horários explicou álgebra. Ciências, no terceiro horário, continuou a explicar sobre sexualidade. Chegou finalmente a hora do intervalo. Passei o tempo todo dentro da biblioteca, temendo encontrar aquele pirralho, cujo nome ainda não sabia. Lá, era um lugar que aquele tipo de gente provavelmente não iria entrar. O sinal bateu, deixei todos voltarem para sala, e fui para a minha sala também. Os dois últimos horários, era de arte. Cubismo foi o assusto do dia. Quando tudo acabou, fui para o lado de fora da escola, esperar meu pai. Ele chegou, entrei no carro, e fomos para onde ele estava.

- Pai, onde você está morando?
- Jhonas, aluguei um apartamento, vou ficar lá agora.
- Você e a mamãe...
- Não Jhonas, não vai ter volta.

Quando chegamos, olhei meu celular. Haviam exatamente TRINTA ligações de minha mãe. Foi quando lembrei: Eu não havia visto ela de manhã.

- Jhonas, eu vou trabalhar, só te trouxe aqui para ver o caminho pra cá. Quando quiser vir aqui, pode vir.
- Tá bom, me leva em casa?
- Sim filho.

No caminho de volta, fiquei olhando as lojas. Sem pensar em nada. Um momento de paz, era aquele.

- Está entregue filho. - Foi quando percebi que o carro havia parado.
- Você não quer entrar?
- Não mesmo, até mais Jhonas, eu te amo meu filho.
- Também te amo pai.

Deixei meu pai sair, e abri a porta. Quando entrei, não havia ninguém em casa.

- Lucas? - Gritei, ninguém respondeu, e provavelmente ele ainda não havia chegado.

Ouvi uns passos vindo da cozinha, era minha mãe.

- Jhonas, quero que você conheça uma pessoa.
- Quem?

E saiu de trás dela o mesmo cara com quem a vi no motel.

- Perai, você mal se separou do meu pai, e já está com outro?
- Ele teu um filho, você vai gostar dele.
- Eu não estou gostando nem de você mais, vou gostar do filho de um cara que nunca vi?
- Jhonas, olha ele aí, chegou. - Quando olhei para trás, dei de cara com o pirralho da escola. Não pode ser, eu não podia morar com ele.
- Você? - Falamos juntos.
- Mas era só o que faltava-me.
- Vocês já se conhecem? - Perguntou o homem.
- Olha, eu não vou ficar aqui, vou pro meu quarto, e NINGUÉM, NINGUÉM vai entrar lá, está ouvindo?
- Mas Jhonas, o Júlio... - Então o nome dele era Júlio? - O Júlio vai dormir no seu quarto.
- Ah, mas não vai MESMO! - Subi correndo, fechei a porta, e deitei na minha cama.

Encostei a cabeça no travesseiro, que estava sendo meu melhor amigo nos últimos tempos, desde o hospital, e dormi, sem almoçar, mais uma vez.

Continua

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