sexta-feira, 4 de março de 2011

Paixão Precoce - Cap. 11



Eu nunca dormi tanto em uma tarde. Acordei sete e meia, mas eu preferia não ter acordado. Liguei para a Joana, eu queria tê-la naquele momento apenas como uma amiga, apesar de ainda amá-la, mas eu precisava desabafar. Ninguém atendeu, então liguei para o Marcos. Marcamos de no dia seguinte a tarde, irmos na sorveteria. Levantei da minha cama, e desci. Quando fui a cozinha, deparei-me com o Lucas e o Júlio no computador. Lógico, eles eram igualzinhos, tinham de se dar bem. Fui para o lado de fora tomar um ar fresco.

Sentado no banco, fiquei pensando no que iria fazer nessa noite, uma vez que, eu dormiria ao lado do idiota do Júlio. Era isso, ou dormir na sala, e eu não abriria mão do meu quarto para um idiota como aquele.

Depois de muito tempo tomando um ar, olhei no relógio, e já eram dez hora. Entrei, e todas as piadas do Lucas e do Júlio, eu não respondia. Calado, comi alguma coisa, subi, tranquei a porta do meu quarto, e dormi. Sim, tranquei a porta. Decidi que o gordo não iria dormir comigo. Torcendo para não baterem na porta, caí no sono, e aí nem um tiro me acordaria.

No outro dia, acordei, tomei um banho, me arrumei, tomei um café, e na hora da saída, minha mãe gritou:

- Jhonas, espere o Júlio, ele vai com você!

Mas é só o que me faltava não é? Além de ter que conviver, eu teria quer ir com ele esperar ônibus da escola, o que eu deveria fazer com ele depois? Levá-lo para sorveteria a tarde?

- Vamos lá, seu mané - falou ele baixinho comigo.

No caminho, ele não parava de me dar susto, dizendo que iria me bater se eu não desse para ele o meu caderno. Eu não dei, mas ele o puxou de minha mão.

- Me devolve.
- Mas não devolvo mesmo. - E começou a gargalhar.

Um caminhão estava indo, e logo atrás o ônibus. Ele jogou meu caderno, e o caminhão passou por cima. Aí ele riu tanto, que só não caiu na pista por que segurei.

- Seu merda! Me deixa em paz!

Fui buscar meu caderno, no meio da pista, que estava literalmente amassado, e todo marcado. Quando olhei para trás, o ônibus já havia passado, e já tinha pego o Júlio. Tive uma sensação de dejavú. Me lembrei da vez que atravessei para ir falar com uma garota parecida com a Joana, e quando vi, eu tinha perdido o ônibus. Tendo novamente que ir de pé, eu resolvi que não iria ao colégio. Ao me lembrar que minha mãe já havia ido ao trabalho, e que aquele cara estaria lá em casa, me deu vontade de ir para escola, mas eu estava cansado demais, apesar de ter dormido tanto.

Quando entrei dentro de casa, vi o namorado de minha mãe, se agarrando no sofá com outra.

- Eu posso saber o que está acontecendo aqui?
- Muleque, se tu falar uma coisinha se quer pra tua mãe, você não a verá mais.
- Você está me ameaçando?
- Tem amor a vida? Fica calado. Sai daqui, toma o dinheiro. - Falou ele dando o dinheiro a moça, que provavelmente era uma garota de programa, ela saiu.

Mas era só o que faltava para completar meu dia. Descobri que minha mãe havia acabado com um casamento de sua vida praticamente toda, pra ficar com um cara que conheceu não sei quando. Esses adultos são sempre assim, não é? Ninguém entende. Mas enfim, eu já estava acostumado, e não ligava se minha mãe estava sendo traída, afinal, ela merecia, mas ela era minha mãe, e eu precisava contá-la aquilo, só que eu estava sendo ameaçado, pode?

- Eu não vou contar nada, mas não é por que você está me ameaçando.
- E é por que então? Acha que estou brincando? Vai lá, conta pra alguém o que você viu aqui.

Fiquei no computador o resto da manhã, minha mãe chegou, o Lucas e o Júlio chegou, e eu acessando. Sem responder uma palavra do que me perguntavam, eu vesti uma roupa simples, e fui ao meu encontro com o Marcos. Peguei um táxis, e quando cheguei na sorveteria, ele já estava lá.

- E aí Marcos? - Falei o cumprimentando.
- E aí cara, quanto tempo né? A gente está amadurecendo, aparecendo compromissos, problemas, e aí, você sabe...
- É infelizmente sim, vai pedir alguma coisa?
- Eu já fiz o pedido, daqui a pouco chega minha torta.
- Vou pegar o mesmo, espera um pouco.

Peguei a fixa, dei a moça, e ela pediu para eu aguardar, que minha torta já iria chegar a mesa.

- E aí cara, o que está acontecendo?
- Está tudo de cabeça pra baixo em minha vida Marcos.
- Como assim?
- Primeiro, o acidente, depois, um ano de vida jogado fora, e eu, virei um atrasado. Você já na sexta, e eu continuei na quinta série.
- Isso você vai superar.
- Mas não é só isso. Agora te conto as coisas mais sérias: Flagrei minha mãe na cama com outro homem, contei para meu pai, e eles se separam.
- Nossa cara, que coisa.
- E tem mais: Há alguns dias, descobri que um pirralho da escola que chegou até me bater, vai morar comigo pro resto da minha vida, por que ele é filho do cara com quem minha mãe estava. O nome dele é Júlio, ele e o Lucas não fazem outra coisa a não ser atazanar meu juízo.
- Meu Deus Jhonas, a coisa está séria mesmo.
- Perai, tá pensando que acabou? Hoje de manhã, flagrei esse cara que não faço questão de saber o nome, com uma prostituta dentro da minha própria casa, e ainda me ameaçou dizendo que se eu contasse pra minha mãe algo de ruim aconteceria.
- Não, mas perai mano, essa história tá ficando séria demais, você tem que contar isso pra alguém.
- Não vou, minha mãe parece. Ela traiu meu pai.
- Fica a seu critério, eu não vou te aconselhar fazer nada, você viu o que aconteceu da última vez.
- Realmente.

Foi quando nossa torta chegou. Comemos, e nos levantamos.

- Olha, nos falamos depois, eu tenho várias tarefas pra fazer - falou Marcos.
- Eu também tenho, mas não tenho paciência para fazer nenhuma.
- Cuidado! Se cuida!
- Valeu cara, obrigado.

Já era mais ou menos cinco horas, e eu voltei para casa a pé.

Continua

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