terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Life: O Coração de Ouro - Cap. 03

Cinco dias haviam se passado. Era domingo à tarde. Não contei como foi o meio e o final da semana passada por que nada de mais havia acontecido: A Anna não havia ido nenhum dia ao colégio. Liguei para o David.

- Alô?
- Hã, oi, David está? - perguntei.
- Quem gostaria?

Ah cara, que chato! A ligação é pro David, e não para a tal pessoa que atendi. E se fosse uma menina que estivesse ligado? Iria perguntar quem era, ou o que queria falar com ele? Respirei fundo e respondi:

- James.
- Hm... James, ele não está.

É piada né? Pensei comigo mesmo.

- Quer deixar algum recado?
- Ah, quero sim, diga que James lig...
- Ah, espera, pensei que ele havia saído, o David está aqui, estava dormindo, um momento...
- Ok. - falei com raiva.

Esperei alguns segundos e o David finalmente falou:

- Alô. - Sua voz realmente tinha uma pitada de "cara, por que me ligou agora, eu estava dormindo."
- Hã... David?
- Oi, quem é?
- James - falei irritado - não reconhece?
- Ah cara, desculpe, lerdo do jeito que estou sou capaz de não perceber um rato em minha perna.
- Hm... É... Você tem o número da Anna? - joguei pra fora da minha boca. Eu não entendi por que estava perguntando aquilo logo ao David.
- Ah, cara, se eu tenho o número de Anna? Quem você acha que sou?
- Ah, ué, qual o problema?
- Só pessoas que realmente importam pra ela tem seu número.
- Nossa... E a casa dela, sabe onde fica? - Para James, pensei comigo. Por que eu estava perguntando essas coisas?
- É... Não sei não, mas posso te ajudar.
- Vá em frente...
- Tenho o endereço da casa dela, vou te passar, só não o caminho, nem onde é, nem ponto de referência. NADA!
- Tá, passa.

Então, o David falou o endereço e o número da casa, que era 506. Lógico que eu não estava pensando em ir lá naquela tarde de domingo, mas eu sabia que um dia precisaria daquilo.

- Ok cara, obrigado! - Falei.
- De nada, tchau.

Mas teimei meu pensamento anterior e depois de mais trinta minutos sentado na cama não aguentei. Desci a escada - meu pai não estava lá, talvez houvesse saído ou estivesse dormindo - e fui em direção à porta. Seria difícil achar um Taxi aquela altura da tarde de domingo, mas depois de muito procurar enfim achei.

Dei ao motorista o papelzinho no qual eu havia anotado o endereço da Anna. Era um tanto distante. Chegamos finalmente à tão esperada rua. A mesma já chegava ao fim, e às casa ainda não passavam nem de 200. Descemos, descemos e descemos, por fim, chegamos à um mato, onde já não havia mais casa.

- Obrigado! Pode me deixar aqui mesmo. - falei saindo do carro.
- Ok garoto, tem certeza? - perguntou o velho barbudo que dirigia.
- Sim.

E lá estava eu, no meio de uma rua deserta, cheia de casas, nenhuma com o número 506. Quando as casas finalmente acabaram, vinha um mato como eu mesmo disse, e como não sou de "ficar por isso", adentrei aquele bando de plantas e folhas barulhentas.

Andei, andei, andei, e nada! Nenhuma casa a mais! Peguei meu celular, e liguei para o David.

- Alô? - Falou o David me aliviando.
- É, David?
- Oi cara.
- David, qual o número da casa da Anna mesmo?
- Não vai me dizer que...
- Sim, estou na rua dela.
- É... Você é louco? O que quer aí?
- Depois te explico, fala cara, qual o número?
- É... 506.
- Tem certeza?
- Sim, por que?
- É que estou na rua dela, e depois da casa 195 só tem mato.
- Tem certeza que está na rua certa? - perguntou David.
- Sim, vir de táxi. - Pensei um pouco - Ei, como você conseguiu o endereço dela?
- Lembra-se do trabalho de quinta-feira? Então, marcamos na casa dela, e a Anna não queria, e não queria mesmo. Brigou com os integrantes do grupo até, mas não tinha outro lugar a não ser a casa dela, então ela nos deu esse endereço, mas lembrando bem, quando cheguei até aí não passei da casa 195 também.
- Que estra....

E a ligação caiu. Meus créditos provavelmente haviam acabado.

- Que estranho - repeti completando minha frase, mesmo sozinho.

Quando olhei pra cima, não vi nada além de árvores atrapalhando a vista do céu, e ao olhar a minha volta: ESCURIDÃO! Um certo medo tomou conta de mim, e então tentei voltar pelo caminho que entrei naquele mato, mas foi inútil.

Embora eu tivesse certeza que estivesse voltado pelo caminho certo, só existia mato, e me conformei: eu havia me perdido.

De repente avistei ao meu lado uma "cama" de folhas secas caída da árvore a qual eu estava sob. Lá deitei, e dormi em questão de minutos.

Meu sonho foi um tanto estranho. Eu estava na mesma rua em que parei com o táxi, com uma diferença que fez muita diferença: Ela continuava, sem mato. A casa 506 estava logo à vista se eu andasse mais um pouco.

Quando cheguei na sacada, vi a Anna, sua mãe Mary, um tanto mais bonita, e uma garotinha, que aparentava ser sua irmã.

"- Vem aqui James - chamavam-me Anna.
  - Venha James - também chamavam-me Mary e a garotinha pequenininha, em uníssono.

Andei em direção a elas, e quando cheguei até a Anna me vi novamente naquela floresta, mas do alto. Eu estava caindo na floresta. Quando cheguei no limite..."

Eu estava numa cama, na minha cama um tanto atordoado. Já não estava mais no mato, bosque, ou seja lá o que fosse aquilo.

- Pai? - Falei ao abrir os olhos e ver meu velho.
- Garoto, o que você fazia deitado no meio da rua? Descanse, vamos conversar depois, ouviu?
- Hã? No meio da rua...?
- Descanse, depois conversamos.

Eu não tinha mais forças para conversar. Era como se tivessem tomado de mim toda a minha energia. Eu tinha duas coisas em mente: Primeiro, eu havia ido para a rua certa, e segundo, algo de estranho rondava a vida de Anna.

Continua...

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