sábado, 17 de dezembro de 2011

Life: O Coração de Ouro - Cap. 02

Acordar seis e meia e com disposição na terça-feira não era o que eu esperava de mim mesmo. Fiz as mesmas coisas do dia anterior e desci para tomar café.

- Nossa, e eu que pensei que precisaria te chamar e ainda assim daria trabalho - falou meu pai.
- É, eu também pensei - falei rindo - não entendi o que aconteceu.
- Tem certeza que não entendeu? - falou ele, com um tom sarcástico.
- O que o senhor quer dizer com isso? - perguntei enrugando a testa.
-  Nada, eu só achei que talvez você tivesse conhecido alguém.
- E conheci - falei.
- Garotas?
- Pai, não quero parecer desagradável, mas pensei que havia dito que não iria me fazer perguntas.
- Desculpa. - falou ele - Me passa o açúcar.

E foi assim durante os próximos dez minutos. Tomamos café e meu pai tirou o carro da garagem. No caminho fiquei pensando na Anna, talvez por causa da conversa com meu velho, talvez por que eu tivesse, sei lá... Finalmente chegamos à Stanford School.
  
Chegando ao colégio, me senti um tanto estranho, por que por algum motivo eu havia lembrado onde tudo estava, até mesmo minha sala, espalhada por um corredor de milhares delas. Era como se eu estivesse com vontade de entrar na sala de aula, algo me atraia até lá.

Quando cheguei, algumas carteiras se mostravam vazias, e nem David ou o professor estavam lá, mas lá estava ela, Anna, sentado no mesmo lugar do dia anterior. Me aproximei e disse:

- Oi.
- Ah, olá. - falou ela friamente, como se quisesse dizer: "ah, é você é? Olá".
- É... hã... posso sentar? - perguntei agoniado.

Ela pôs-se de pé ao meu lado e disse:

- Pode, pode sim.

Sentei-me na esperança de que Anna fosse sentar-se ao meu lado, mas saiu sem ao menos dá explicações. Aquilo tinha me deixado um tanto constrangido, eu pensei que talvez a filha de uma professora fosse mais educada, e a partir daquele momento descobri que tudo é uma questão de ponto de vista.

O David finalmente chegou à sala e sentou-se ao meu lado.

- Ah, oi cara, tudo beleza?
- Sim, tá tudo bem, e com você? - Falei rindo na tentativa de esconder a vergonha.
- Sim, estou bem. - respondeu David sentando-se.

A primeira terça-feira de aulas ainda era dia de conhecer novos pofessores, o que consequentimente faziam com que os joguinhos continuavam. Aquele dia não tinha aula de Mary.

- Graças à Deus - soltei.
- Hã? - perguntou David.
- Não, nada não, só estava pensando alto. - respondi.
- Depois me chamam de estranho - murmurou David.

Passaram pela sala dois novos professores durante os três primeiros horários, até que o sinal tocou. Eu e o David saímos da sala e fomos para o pátio.

Dois garotos da nossa sala vieram até nós.

- Oi caras, tudo bem? - falou Thiago num tom alegre.
- S... sim, tudo bem, é... - falei gaguejando.
- Somos...
- Lucas e Thiago - David falou interrompendo Lucas. - Os irmãos da sala.
- É, sim... De certa forma.
- Como assim de certa forma? - perguntei.
- Somos irmãos, e não somos, entendem?
- Não. - falei.
- Ele é meu tio, ou seja, irmão de minha mãe biológica, que me teve aos 15 anos, mas minha vó, mãe dele e de minha mãe, faleceu, e minha mãe também faleceu, então, ficamos com meu pai a nova mulher dele. - Explicou Thiago.
- É, meio complicado, estranho... - falou David.
- David! - exclamei cutucando meu amigo.
- Não há problemas, isso é realmente meio estranho. - Falou Lucas rindo.
- Se bem que não somos os únicos estranhos aqui em termo de família. - Revelou Thiago.
- Não? - perguntei curioso.
- A Anna, filha da professora de inglês Mary. - Começo Lucas.
- Somos colegas dela desde o ano passado. - Continuou Thiago. - Mary na verdade não é sua mãe.
- Impossível - respondi rapidamente. - são uma focinho da outra, é impossível.
- É aí que entra a parte estranha. - falou Lucas - Elas são iguais na aparência, mas não são do mesmo sangue.
- E como foi isso? - Perguntei. - Mary adotou-a?
- Isso ninguém sabe - falou Thiago. - Mas esse ano promete.
- Com certeza - falou David.

O sinal tocou, e voltamos para nossas salas. O quarto horário era do Michael, professor de Ciências.

- Todos para o laboratório. - falou Michael.

Nos retiramos novamente da sala, e entramos em outra. O laboratório repleto de animais mortos e conservados, tinha em seu centro uma enorme mesa.

- Estamos trabalhando com sangue e como detectar uma Diabetes num simples exame caseiro - falou o professor. - Anna, você, pode me dá sua mão?

A garota levantou o braço, mas ao ver a agulha, saiu correndo, retirando-se da sala apressadamente. A cara que fez não me parecia de "medo de agulha", não mesmo.

Olhei para o David e virce-versa. Havia algo estranho, e eu tinha que descobrir.

A aula continuou, e quando o sinal tocou, fui de encontro ao meu pai no caminho.

Continua...

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