sábado, 24 de dezembro de 2011

Life: O Coração de Ouro - Cap. 05

Eu não sei se eu realmente teria coragem de perguntar a Anna o que acontecia em sua vida, mas de algo eu tinha certeza: Não era nada que meu mundo conhecia.

Bom, já era terça de manhã, e eu já estava dentro do carro em direção a Stanford School. Eram 06:50, e eu torcia que ter acordado cedo valesse a pena. Torcia para que a Anna fosse ao colégio.

Ao chegar, desci do carro e fui em direção ao colégio, que ainda estava fechado. O frio me fazia tremer, e foi trincando os dentes que percebi o bosque bem ao lado do colégio, não pensei em ir até lá, e realmente venci minha curiosidade.

Depois de uns sete minutos, avistei um carro vindo. A Hilux preta parou, e de lá desce a tal da princesa: A Anna.

Meu coração só não saiu pela boca por que ainda não havia chegado minha hora de morrer, mas me assustei do quanto fiquei tremendo. É, o amor havia me dominado mesmo. Mas como, em tão pouco tempo?

O carro a deixou, e ficamos em frente à escola, que ainda não estava aberta.

- Oi. - falei.
- Hã... Oi - respondeu Anna.
- Sua mãe não vem? - perguntei estupidamente.
- Ah, não, ela só vem quando chega a hora da aula dela.
- Hum...

Pensei um pouco antes de perguntar, mas não deu nem tempo de eu respirar fundo, e saiu:

- Afinal, o que acontece em sua vida? - aquilo mim saiu mais para uma estupidez do que uma pergunta. E se tudo fosse coisa da minha cabeça? E se a Anna fosse alguém como qualquer outra? Mas algo dentro de mim me dizia que não, ela não era como qualquer outra pessoa.
- Como assim, o que acontece em minha vida? - perguntou Anna enrugando a testa.

Então contei tudo que aconteceu esses últimos dias.

- Ah, não se de nada não garoto... - falou ela.
- Sabe, sabe sim. Me conta, eu sei que tem algo errado com você.
- Tá me chamando de que, doente?
- Não, sei que não é doente, mas tem alguma coisa estranha que ronda sua vida.
- Ah garoto, chega - gritou Anna. - vai se ferrar. - falou mais alto ainda, avançando em mim.

Foi quando o porteiro chegou.

- O que é que está acontecendo aqui? - gritou o velho barbudo.
- Na...Nada não - falei. - Estamos só brincando.
- Sei...

O porteiro então finalmente abriu o portão da escola, e entramos, nós dois, um de cara fechada pro outro.A escola vazia ecoava qualquer palavra se quer que fosse dita. Subimos a escada. Paramos pouco depois do topo, quase no meio do corredor. Quer dizer, a Anna estava no meio do corredor. Eu ainda permanecia no topo da escada.

- Anna. - falei, em tom normal.

A Anna, que estava a minha frente, virou-se.

- Fala garoto. Aliás, não fala nada não. Afinal, por que não me deixa em paz? Você nem me conhece direito, e fica infernizando minha vida dessa forma.

Por um momento, achei que a Anna estava certa. Quem era eu pra ficar fazendo perguntas malucas a ela, do tipo: "Oi garota, eu sei que tem algo estranho em sua vida. O que é? Era loucura. Coisas de outro mundo não existem, pensei comigo mesmo. Mas o fato era que: Todo o meu cérebro dizia que sim: Anna era uma menina normal, mas 100% do meu coração falava totalmente o contrário.

"Filho, quero que siga sempre seu coração", fiquei lembrando de quando minha mãe era viva. Mas enfim, passado era passado, e eu estava no corredor de uma escola, enfrentando uma garota que talvez pudesse me matar a qualquer momento, eu sabia disso.

- Eu sei que você tem algo estranho em sua vida. Não sei ao certo o que é. Os sonhos, o bosque. Cada coisa: Uma mais sinistra que a outra.
- Eu não tenho nada tá? Me deixa em paz. - gritou ela.
- Então tá bom. É que você não sabe mas a verdade é que não sei por que, eu estou gostando de você. - gritei.
- Eu não quero saber disso. - Gritou Anna.
- Então, tá, vou embora. - Falei, virando-me em direção a escada.

Andei um passo.

- Garoto, não desce essa escada, por favor.

Foi quando dei meu segundo passo, e cheguei ao primeiro degrau. Foi em um piscar de olhos meus que eu já estava tropeçando no mármore da escada, e rolando até lá embaixo.

Enquanto caia, vi o rosto de Anna algumas vezes, desesperada.

- James! - Gritou Anna.

Então eu chego até o chão. Ainda acordado, porém, sem forças.

Deitado, ao olhar pro lado, vi Joana, uma garota da minha sala, chegando ao colégio.

- O que você fez com ele? - perguntou Joana.
- Eu... Eu não fiz nada. - falou Anna.
- Garota, você empurrou o James da escada, ficou maluca? ALGUÉM AJUDE.

Foi quando eu finalmente perdi o fôlego e desmaiei.

* * *

Quando acordei, estava deitado numa capa de hospital, num hospital. Era noite, e não havia ninguém ali. Ouvi um barulho na janela. Pisquei os olhos, e quando abri, Anna estava ao meu lado.

- Que susto! - falei.
- Desculpe, não foi minha intenção.
- Tá, tudo bem. O que faz aqui e como fez isso?
-Isso o que? - perguntou Anna, com tom de ironia.
- Esse negócio de andar tão rápido até mim.
- Eu não fiz nada. Estava na porta.
- Você sempre se fazendo de boba. - e eu finalmente me acostumava com os mistérios não revelados de Anna.
- Olha James, eu só quero lhe dizer que estou indo embora.
- Como assim?

Anna pegou um colar dentro da calça, e colocou em minha mão, fechando-a.

- Isso é o coração de ouro. Olhe, tome cuidado, muito cuidado com isso. Bom, eu vou te dizer o que você quer saber: Sim, eu tenho um mistério em minha vida, mas não conte isso a ninguém. Voltando ao assunto, esse coração concentra minha vida. Cada pessoa da minha espécie - falou ela como se fosse um animal - tem um. Caso ele se quebre, eu morro
- E por que você está me dando isso?
- As pessoas do meu tipo dão seu coração de ouro para todos os meninos ou meninas pelos quais se apaixonem.
- Então você está gostando de mim também? - perguntei.
- Não me pergunte como, mas, sim, estou gostando de você.
- Então namora comigo?
- Olha James, como você disse e eu confirmei, há algo de estranho em minha vida, e não é tão fácil assim.
- Mas por que vai embora? - perguntei, chorando.
- Garanto que não é por que você caiu da escada. Eu te amo James.

Falou ela, dando-me um beijo. E eu senti que o coração brilhara enquanto nossos lábios se tocaram.

- Confio à você meu coração de ouro, o coração-objeto de cada pessoa como eu. Só pode ser dado a alguém especial. Se você quiser me encontrar, deve olhar para o coração, e seguir o caminho que ele lhe amostrar.

E dessa vez, pela porta, Anna se foi.

Continua...

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