terça-feira, 22 de março de 2011

Ninguém Quebra - Cap. 06


- Como você está? Tá tudo bem? – Perguntei ainda sujo de lama, assim como Jéssica.
- Agora está preocupado? – Respondeu ela num tom sério.
- Eu sempre estive preocupado.
- Então não precisa se preocupar.
- Por que você está tão irrita...
- Não estou irritada, nem nervosa, ou com raiva. Eu só quero ir pra minha casa ver a minha família, explicar por que eu desapareci e sofrer as conseqüências – perguntei-me que tipo de conseqüências poderia ter uma garota de... uns vinte anos?!
- Sabe o que eu quero? É... Eu quero me divertir. Pela primeira vez, em anos, não tem repórteres, entrevistas, nem multidão. Eu estou curtindo isso, e quero que você pare de reclamar, por que eu posso curtir mais. - falei enquanto Jéssica parava de andar.  
- Ah, eu já estou vendo tudo, você não consegue o que quer e faz mau-criação e sai andando.
- Aposto que seus amiguinhos saem correndo atrás de você. “Ai Christoper, me perdoe por ter ferido seus sentimentos, me desculpe por não ter te tratado como astro maravilhoso que você acha que é” – Falou Jéssica afinando a voz, na intenção de imitar. – Você é... CRIANÇÃO!
- Ah, eu sou criança, eu sou criança? – Falei voltando pra Jéssica. – E você, o que é?
- Eu?
- É. Nos últimos dias a única coisa que fiz foi pensar em você.
- É mesmo? Então quando você me acertou com a porta, duas vezes, me escondeu na sua casa, afundou o carro da minha avó, e me atirou na lama, estava pensando em mim? Estava sendo atencioso comigo? Desculpe-me, mas não sou nenhuma idiota. Tenho pena dos seus amigos.
- Você queria ser um deles.
- Preferia ter afundado com a petúnia. – Falou Jéssica andando novamente, e esbarrando nossos ombros.
- Olha, espera, eu estou confuso com uma coisa. – Falei, também começando a andar, agora atrás da Jéssica.
- O que é?
- Quando a gente estava no nosso passeio, eu pensei que você gostasse de mim – Falei, atirando-me na frente da Jéssica, andando de costas.
- Pensou errado.
- Mas todo mundo gosta de mim, por que você não gosta de mim?
- Por que acha que todo mundo gosta de você?
- Por que eu sou querido – Falei, rindo.
- Não. Por que é uma celebridade.
- Espera, como assim? O que isso tem haver? – Falei diminuindo os passos, fazendo Jéssica seguir meu exemplo.
- Você nem percebe não é? – Falou Jéssica, quando percebi que estávamos parados. – A sua vida não é real. Você sempre estaciona onde não pode, nunca tem que enfrentar filas, compra tudo que você quer, quando você quer. A sua casa parece um hotel, tem tanta gente trabalhando pra você, e eu aposto que você nem sabe o nome deles. – De repente, percebi que as palavras de Jéssica faziam sentido.
- Claro que eu sei – Menti.
- Me diz um.
- Ró.
- Você acabou de inventar – falou Jéssica com razão.
- Tá, mas o Stubby conhece todo mundo, esse é o trabalho dele.
- Viu? Isso não é normal. – Falou Jéssica me empurrando aos poucos – O seu melhor amigo é seu motorista. Seus pais estão na as folha de pagamento, sua namorada, quer dizer... Pessoas de verdade namoram, por que se gostam e querem estar juntos. Por que está com a Alexis?
- Hã... É... – Lutei contra as palavras, sem sucesso.
- Exatamente o que eu disse. – Falou Jéssica retirando-se, e andando novamente.
- Ei, espera, espera. – Protestei jogando-me novamente em sua frente – Para. Você está dizendo que eu não sou verdadeiro, mas eu sou.
- Tenho minha opinião. – Falou Jéssica novamente andando.
- E se eu te contar uma coisa sobre mim que ninguém mais sabe?
- Coleciona suas unhas num vidro de maionese?
- Não. – Falei novamente seguindo a Jéssica, jogando-me em sua frente de novo, agora andando de costas sobre um monte de palhas enormes, não dava nem se quer pra ver o que estava atrás daquilo. – Depois que eu te conheci, eu... Não... Consegui... – Cambaleei para trás, e de repente, eu estava totalmente molhado, dentro de um lago.
- CHRISTOPER! – Gritou Jéssica, enquanto eu me levantava rapidamente, e a puxava para o lago.
- Ah – tentei assustar.
- Aaaah – gritou Jéssica.
- Chris – Ela havia me chamado de Chris? Estranho. – Eu não sei nadar. Fui imediatamente para o lado onde Jéssica havia cambaleado, para salvá-la. Ao puxar Jéssica, com um golpe baixo, ela me afundou por um breve segundo. – Te peguei. – Falou Jéssica rindo, e jogando água em mim. – Você mereceu.

Parecíamos crianças brincando em uma piscina. Dois adolescentes, dois... Ou talvez um apaixonado. Percebi que naquele momento, meu coração se juntara ao dela, formando apenas um coração. Estava descobrindo um sentimento, algo tão bom quanto qualquer coisa no mundo. Uma espécie de... Enfim, algo sem explicações.

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