quarta-feira, 23 de março de 2011

Ninguém Quebra - Cap. 07

- Esse lugar é legal, ?- Elogiou Jéssica.
- É... Muito. Eu queria ficar aqui, onde ninguém pode me encontrar – falei, com as roupas já secas.
- Por quê? – Perguntou Jéssica encolhendo a testa.
- Por que todo mundo quer uma coisa de mim. Uma apresentação, uma entrevista, uma foto.
- Até seus pais? – Falou Jéssica assustada.
- Aí já é mais complicado – falei, lutando contra as palavras. – Às vezes eu acho que eles só se importam com os negócios Christoper Wilde – falei fazendo aspas com as mãos.
- Não, isso não é verdade. – Falou Jéssica num tom carinhoso.
- Sei lá. Ultimamente, eles só falam dessa negociação pro filme. Eles acham que esse é o próximo passo pra minha carreira.
- E o que... O que você acha? – Perguntou-me Jéssica.
- Se eu receber a oferta eu tenho que aceitar.
- Bom... Mas e a sua turnê?
- O que tem minha turnê?
- Ual! – Falou Jéssica levantando-se da pedra. – Trinta países, doze semanas, um milhão de fãs histéricos.  Não sou especialista no assunto, mas parece que é demais. Fazer a turnê e o filme ao mesmo tempo?
- Eu não tive escolha.
- Todo mundo pode escolher. O que você quer fazer?
- Eu sei o que eu não quero fazer – falei depois de um breve silêncio. – Eu não quero decepcionar ninguém, principalmente os meus fãs. Não estaria onde estou sem eles. Então... Eu nunca digo não – Um breve silêncio se passou – Eu aceito tudo – Falei serenamente.
- Eu acho que eu não entendo.
- O que?
- A sua vida. Quer dizer... É tão diferente da minha. Tudo que você faz ou diz é tão grande e... Público.
- Nem tudo. – falei depois do silêncio. – Agora. Aqui com você. Eu sinto que posso ser eu mesmo. Não Christoper Wilde. O famoso. – Falei enquanto riamos – Eu posso ser eu.
- Gosta disso? – Perguntou Jéssica.
- Gosto muito.
- Eu também. – Falou ela.
- Me conta alguma coisa sobre você. – Pedi.
- O que quer saber?
- Eu quero saber tudo.
- Pode demorar um pouco. Eu levo uma vida muito agitada. – Falou Jéssica, e nos olhamos com sinceridade, serenidade, calma, sem briga, sem confusão. Apenas eu e ela. Perfeito!
- Tá fazendo de novo – Falou Jéssica rindo.
- O quê?
- Aquela coisa com os olhos – Lembrou-me Jéssica.
- Ah, isso aqui? – Falei, arregalando os olhos, enquanto Jéssica ria.
- Tá bom, comédia? Acho que não é muito a sua praia.
- O quê? Eu sou muito engraçado.
- Muito engraçado?
- E você gosta de mim – falei, rindo.
- Tá sonhando – falou Jéssica empurrando meu braço.
      
Um silêncio longo estava se passando. Eu a olhava com o rosto estampado, enquanto via a mesma expressão nela. Felicidade.

- Temos que ir – Interrompeu Jéssica.
- É. Vamos? – Falei, levantando-me. Jéssica me imitou identicamente.
      
Peguei a mochila dela e a dei. Demos as mãos, como namorados, e fomos embora. Já estávamos na praia quando Jéssica falou:

- Conseguimos.
- É. Olha, eu adorei o dia de hoje.
- Eu também. – falou Jéssica.
- Você é tão diferente das garotas que já conheci.
- Diferente esquisita? Difere chata? Ou...
- Diferente... Surpreendente – falei. – De um jeito bom. – Falei minha mão direita novamente à esquerda dela. – Você me diz coisas que ninguém tem coragem de dizer. E... me faz ver coisas em mim mesmo que eu não consigo.
- Você também é bem surpreendente – Falou Jéssica, enquanto eu me surpreendia.
- Sério? Como?
- Bom, pra começar, você é um péssimo motorista.
- Aah. – Murmurei.
- O que é estranho, pra um cara que tem seis carros.
- Tô magoado. – Falei rindo.
- Você... Me acha mesmo mandona?
- Não – Olhei nos olhos dela e disse: - Te acho maravilhosa.
- Você é maravilhoso também. – Disse-me Jéssica sorrindo.
Meu rosto estava se aproximando ao dela, e assim o dela estava também, acelerando o processo de encontro em nossos lábios, mas de nada adiantou. Avistei dois surfistas, puxei o chapéu do avô de Jéssica que ela estava segurando, coloquei na cabeça, e virei-me de costa para os caras.

- O que está fazendo?
- Ufa! Foi por pouco – Falei aliviado. – Ah... Tá bom. De volta pro mundo real. Você sabe o que vai acontecer, não é?
- Não.
- Isso acaba aqui. – Falei, arrependendo-me das palavras que saíram.
- Isso oque?
- Isso. Nós. Você não pode contar pra ninguém o que aconteceu. Nem para seus pais.
- Por quê? Eles não vão colocarem blogs ou coisa parecida.
- É que... Se a gente sair andando por aí, se fotografarem agente vai ser uma loucura.
- E por que seria uma loucura? – Perguntou Jéssica confusa?
- Por que eu sou Christoper Wilde. E você, é uma garota comum!? – Falei também me arrependendo das palavras que haviam saído. Burro, pensei comigo mesmo. As palavras haviam magoado Jéssica.
- Eu tenho que ir agora. – Falou Jéssica, com uma cara triste, passando por mim, e esbarrando nossos ombros.
- Jéssica, não. Espera, espera. – Falei a puxando de volta.
- O que foi? O que foi? Espera. O que aconteceu? O que fiz?
- Me diz você. Me chama de maravilhosa, e logo depois você tem vergonha de estar comigo? – Falou Jéssica, chorando.
- Jéssica, não tem nada haver.
- Ah, é mesmo? Se eu fosse a Alexis, você ia correndo, pra ter certeza que alguém tirou uma foto. Mas não. Por que... Porque eu não passo de uma garota comum.
- Não foi isso que eu quis dizer, olhar, você é normal, e continue assim.
- Certo! Me deixa em paz! – Falou Jéssica novamente andando cabisbaixa.
- Jéssica, para, por favor. - Pedi aliviado logo depois que ela virou-se pra mim.
- O que é?
- As fotos que você tirou, da gente, eu tenho... Que ficar com elas.
- Você quer a minha câmera? – Perguntou Jéssica.
- É, por segurança, eu... – lutava contra as palavras – não quero que essas fotos... Saiam. Apareçam.
- Então tá. Quer as fotos? – Falou Jéssica abrindo a mochila e jogando a câmera sobre a terra da praia. – Toma! Não tem nada aí que me interesse mesmo – Falou ela dando-me as costas, e andando novamente. Peguei a câmera, enquanto ela parou e veio até mim coma mão estendida. Ela queria dinheiro.
- Preciso de um Táxi pra ir pra casa. – Falou Jéssica.
Peguei um bolo de dinheiro em meu casaco, e a entreguei.

- Estou indo pra casa, não pro Havaí.
- Fica. Eu ainda estou te devendo dinheiro por ter ficado na garagem da sua vovó – Falei, sorrindo, numa tentativa de retirar o que falei, sem sucesso. – Jéssica, eu não quero me despedir assim.
- Tábom, que tal assim?! O que acha de a gente esquecer tudo o que aconteceu? Você não fala sobre mim, e eu prometo que não vou falar sobre você.
- Você pode me julgar tá? Mas você não sabe como iria ser. Os Paparazzi nunca desistem. Depois que eles escolherem você, eles não vão parar até conseguirem o que quer. E quando eles conseguirem vão transformar as coisas. Vão destruir tudo.
- Eles não vão precisar – Falou Jéssica, chorando novamente. – Você já fez isso. – E foi embora.

Continua...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Me ajude curtindo minha página de humor no Facebook.

Basta clicar, mais nada. Por favor, clica, clica, vai.