quarta-feira, 23 de março de 2011

Ninguém Quebra - Cap. 10


Jéssica, Jéssica. Conta pra mim como foi seu final de semana com Christoper Wilde, só queremos a verdade, falou a repórter, enquanto eu assistia tudo da minha casa, ao lado de Stubby, deitados no sofá da varanda, cansados.
      
Vocês não querem a verdade, vocês querem uma história. Vocês pegam uma pessoa boa, e a transformam em um Reality show. Vocês o transformaram em uma grande celebridade, só pra poder destruí-lo em público. Assim, vocês vendem mais revistas, e shows de TV. Isso é muito doentio. Christoper Wilde é só mais um exemplo. Ele é talentoso e famoso. Ele tem tudo que muitos jovens sonham em ter. Mas graças a vocês, ele teve que abrir mão de uma das melhores coisas da vida, falou Jéssica chorando, liberdade, privacidade, honestidade. Parabéns, vocês realmente criaram uma celebridade, mas conseguiram destruir o ser humano. Vocês deviam ter vergonha.
      
Jéssica, Jéssica, só mais uma pergunta. Quem é Christoper Wilde? De verdade. Seja sincera, fale a verdade.
      
Quem é ele? Eu não sei. O Christoper Wilde por quem vocês são obcecados. Eu juro que eu nunca conheci, e nem nunca quis conhecer, falou Jéssica. Eu não queria mais ver, nem ouvir ela. Desliguei a TV.

- Espera! Você disse que gostou dela por que ela era honesta?
- É – Falei cabisbaixo. Eu não aceitava, não podia ter terminado, eu e Jéssica. Não!
- Cara... Parabéns pra você Chris. Você conseguiu! Você a fez mentira pra voc...
- Eu não tive escolha. Tá legal? – Falei, bebendo o copo d’água que pegara antes de me sentar.
- Ah, tá legal. – Falou Stubby entrando para a cozinha.
- Para onde você está indo? – Perguntei confuso.
- Vou procurar o meu melhor amigo, por que ele não é o cara que está sentado aqui.
- Stubby, do que você está falando?
- Eu não tive escolha? Ultimamente essa é a sua resposta pra tudo.
- É mesmo? – Perguntei, depois de um longo silêncio.
- É... Sua vida, suas escolhas. O que você quer? – Falou Stubby, sumindo pela cozinha a casa.
      
Também me levantei, peguei a chave de um dos meus carros, e saí com o amarelo. Eu estava indo até o Nolan.
      
Ao chegar lá, me disseram que ele estava gravando cenas do filme, me falaram o endereço, e fui até lá. Um bocado de trailer arrodeavam o espaço.

- Christoper. – Gritou Nolan, enquanto me dirigia ao próprio. – Boas notícias hein! Você está dentro, os ensaios começam na segunda.
- Hã... Eu não estarei disponível.
- Sem problemas, a gente muda a data.
- Não. Eu... Só vir pra agradecer a proposta, por que... Se eu tenho que mentir pra participar do seu filme, eu não quero. – Falei, me retirando, eu não queria saber o que Nolan pensava, o que meus pais pensavam daquilo.
- Você viu? Ele tem personalidade, eu gosto disso. – Ouvi Nolan falar já distante. Senti um alívio tão grande, sem palavras.
      
Era como se um peso das minhas costas tivesse sido retirado, um alívio natural. Fui para casa.

- Ah, ele tem duas semanas entre Nova York e Londres, podemos arrumar um tempo pro filme aí – falou minha mãe para meu pai enquanto eu descia a escada que dava para meu quarto subindo, e para a piscina descendo.
- Eu acho que ele precisa de mais tempo, não se apronta um filme em duas semanas – falou meu pai.
- Hãn, é mesmo. – Disse minha mãe.
- Oi filho – falou os dois juntos, enquanto me coloquei atrás da cadeira de sol em que estavam cnfortavelmente sentados, mexendo em seus notebooks.
- Estamos encaixando o filme em sua turnê – falou meu pai, olhando pra trás, com uma cara de entusiasmo alheio. Patético.
      
Passei entre as duas cadeiras fechando os dois notebooks, indo para frente dos meus pais, tomando coragem para falar do filme.

- Eu não quero fazer o filme – desembuchei.
- Ah, para de bobagem, é claro que quer – falou minha mãe abrindo seu notebook, mas meu pai continuou quieto, levando a sério o que falei.
- Christoper, estamos quase fechando o negócio. – falou meu pai.
- Só que é muito tarde, por que eu já desisti – falei, quando minha ao automaticamente erguei o rosto que se fixara na tela do notebook, agora levando a sério minha decisão. Um breve silêncio se passou.
- Essa não é uma decisão sua – Falou ela fechando o notebook.
- É... É sim – protestei. – Eu tenho dezessete anos de idade, eu só quero me divertir e fazer música. – Os dois se olharam perplexos, e meu pai se levantou.
- Tudo bem, tudo bem, não se preocupe, nós cuidamos disso.
- Não, já está na hora de eu cuidar da minha própria vida, então... Vocês dois estão... Demitidos. – Falei. – Eu quero muito que sejam só os meus pais de agora em diante. – Falei, retirando-me.

Continua...

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